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“Que percepção terá da fotografia uma pessoa que não vê, ou que vê muito pouco?

Em 2003 o fotógrafo Luís Rocha decidiu interpelar sobre o assunto a Associação Promotora de Emprego para Deficientes Visuais (APEDV), e o resultado foram dois cursos para pessoas com deficiências visuais extremas, que tiveram início na Oficina de Fotografia da Câmara Municipal de Lisboa entre Maio e Julho desse ano.

O entusiasmo de poder “aumentar o real” até um ponto em que se torna perceptível – mesmo para uma pessoa cega ou com baixa visão em alto grau – aliou-se ao aliciante “conceptual” de produzir um objecto artístico cuja comunicação com o público se desse exactamente através do sentido que o seu autor menos domina – a visão. O resultado foi um empenho fortíssimo, uma atenção desmesurada e um quotidiano cheio de novas descobertas: podemos fotografar o que ouvimos, o que sentimos, até o que imaginamos (a partir das descrições que nos fazem do real)! Podemos produzir imagens que, ainda que não tenham nascido de uma conceptualização puramente visual, são visualmente significantes para quem as olha, e transmitem através do olhar aquilo que pode ser a sua ausência.”

 

A primeira exposição surge a convite da Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira onde o MEF expõe o projecto Imagine Conceptuale em 2003.

 

Em Janeiro de 2004 a exposição teve lugar no Arquivo Fotográfico de Lisboa.

 

As imagens nesta fase já são expostas em papel fotográfico e em papel relevo que permite ser tacteado, a imagem em relevo é acompanhada por descrição áudio.

 

“Outros Olhares” na Cidade do Rock. Pessoas com deficiências visuais, sem-abrigo e jovens da freguesia de Marvila fizeram o registo fotográfico do festival Rock in Rio – Lisboa. Em Maio de 2004 o projecto Imagine Conceptuale esteve no Rock in Rio Lisboa.

No ano de 2004 O BANDO levava à cena o “Ensaio sobre a cegueira”, excelente oportunidade para estes novos fotógrafos exercitarem a sua arte… Apesar de um cenário de difícil compreensão táctil, os participantes do Imagine Conceptuale assistiram e fotografaram um ensaio da peça, baseando-se sobretudo na audição, e alguns também nas cores fortes que conseguiam percepcionar. Os técnicos/fotógrafos deram pontualmente algumas descrições – sobretudo visuais – da acção, para possibilitar a conceptualização da imagem. Desta experiência resultou o trabalho fotográfico “Dez Olhares sobre a Cegueira”, no verão de 2004.

 

No ano de 2006 o Imagine Conceptuale integra-se no projecto global do MEF-Movimento de Expressão Fotográfica – DAS/CML. Nesse âmbito, os alunos revisitaram as suas memórias visuais (do tempo em que viam bem) para a criação de conceitos imagéticos sobre as suas imagens. Com a participação no projecto_Lisboa o Imagine Conceptuale conclui a sua intervenção.

Entre 2008 e 2010 o MEF dinamiza outros projetos ligados à deficiência visual em que usa a fotografia enquanto ferramenta de inclusão: Paisagens do VentoPaisagens do Vento (retratos)Senti(n)doIMAGOImagem do Sentir

Em 2011 o projecto realiza-se no Centro Helen Keller, sendo a primeira vez que o projecto é adaptado a crianças, cegas congénitas e de cegueira adquirida.  

Regressámos em 2016 ao projeto de fotografia dentro da deficiência visual, Imagine Conceptuale – Integrar pela Arte, integrado no programa PARTIS da Fundação Calouste Gulbenkian, com a experiência adquirida nos processos de trabalho anteriores, promove o projecto em diversas entidades espalhadas pelo país.

Para a realização dos projectos fotográficos ligados à deficiência visual sempre contámos com o apoio de diversas entidades: Associação Acesso Cultura; Câmara Municipal de Viana do Castelo; FUJIFILM;Câmara Municipal de Oeiras; Centro de Experimentação Artística da Fábrica da Pólvora/Clube Português de Artes e Ideias, Museu do Surrealismo, Centro Cultural de Belém - Museu Berardo; Íris Inclusiva; AAICA - Associação de Apoio e Informação a Cegos e Amblíopes; ARP - Associação de Retinopatia de Portugal; FRMS - Fundação Raquel e Martin Sain; APEDV - Associação Promotora de Emprego de Deficientes Visuais; Lar Branco Rodrigues e CRNSA - Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Os projectos foram financiados pela Direcção-Geral das Artes/Ministério da Cultura; Fundação Calouste Gulbenkian/Programa PARTIS; Câmara Municipal de Lisboa/RAAML.

Em 2017 o projecto IMAGINE CONCEPTUALE foi menção honrosa no prémio de inovação tecnológica Eng. Jaime Filipe, concedido pelo Instituto Nacional para a Reabilitação.

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